As vezes uma pequena corrida entre meio o matagal, em encontro ao amigo que esperava com o estilingue em mãos, fazia com que nos dispersássemos do mundo de uma forma tão incrível que acabávamos esquecendo tudo o que passamos ou passávamos. Belas eram aquelas manhãs e tardes de domingo em que passávamos as horas em brincadeiras atoas e caçadas de passarinhos.
Era comum ver em abundância os pássaros dos mais diversos gêneros que se pode imaginar, cantos das mais variadas melodias, cores de todas as aquarelas, cenas que hoje em dia não se pode ver fora de uma fotografia velha guardada, ou mesmo uma tela pintada a mão.
Não nego que caçávamos muitos passarinhos, de todos os tipos, alguns para serem presos e assim pudéssemos apreciar seus cantos, outros serviam de aperitivos ou mesmo refeição, a situação não era nada boa e tendia a se piorar com o passar do tempo , mas não posso esquecer também das grandes montanhas de pássaros que eram esquecidas, desperdiçadas, pássaros que atingíamos apenas pela diversão, talvez pensaria duas vezes antes de fazer aquilo se soubesse o resultado depois de quase 70 anos.
Agora, nem se quisesse não poderia repetir as façanhas que fazia antigamente, pássaros não são mais animais tão comuns. Assim como outros que jamais voltarei a ver e aqueles que nem cheguei a ver. Agora chego a pensar em um porque para tais atos e não chego a resposta. Apenas percebo que os dias se passaram, os meses, os anos e quando a gente percebe, toda uma vida se foi. Posso ter visto aqueles pássaros, mas não sei por quanto tempo uma simples lembrança poderá durar. Pássaros! Entre muitas outras realidades que vi ao longo de minha vida e agora procuro, mas não encontro. Temo que meus netos e bisnetos vejam muitos "pássaros" que o mundo tem a oferecer, apenas em velhas fotos marcadas pelo tempo.

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