Aquela entrevista acabou sendo marcante para mim, não porque foi excepcional, ou tratasse de algum assunto muito relevante, entretanto se tornou tão engraçada senti necessidade de escreve-la para ao menos tentar compartilhar um pouco as boas risadas que dei depois que o fato se passou.
Eu trabalhava na rádio do interior paulista, iria entrevistar um garoto que havia se destacado nas categorias de base do atletismo e seu pai foi acompanha-lo, pedi para que os dois entrassem na sala de gravação, entraríamos ao vivo dentro de poucos minutos, o que tornou o que se vai passar um pouco mais trágico, expliquei rapidamente para eles como se falar no microfone, pois me aparentava que eles nunca haviam visto um. Disse para fazerem silêncio e só responderem as perguntas.
Passou-se os minutos que tínhamos, a última música estava acabando, disse para eles que iriamos entrar no ar, o garoto se sentou diante do microfone e o pai ficou do lado.
Comecei como de rotina apresentando o garoto e o motivo da entrevista : " Olá boa tarde, são 13 horas e 15 minutos, estamos aqui com jovem garoto João que vem se destacando no atletismo juvenil e irá nos falar hoje um pouco mais sobre sua rotina e como é conquistar competições assim tão jovem..."
A entrevista se decorreu bem, o garoto se expressou com facilidade, estava até me surpreendendo, o pai observava tudo, achei bom perguntar algo para ele no fim da entrevista, pedir para ele deixar algumas palavras, ou algo do gênero.
O menino falava abertamente da sua rotina, quando percebi que o pai parecia estar agitado, ele se mexia na cadeira de um lado para o outro, as vezes levantava a mão e abaixava rapidamente como se quisesse dizer algo, mas estivesse com medo, ou vergonha, resolvi continuar com o questionário, mas não pude deixar de observar como o homem agia. Estava pronto para finalizar a entrevista : " Então , João, o que você tem a dizer para os jovens como você que sonham em conquistar algo na vida ?"
Ele respondia a última pergunta, o homem parecia estar em pânico, parecia estar com medo da entrevista acabar e ele não conseguir falar o que queria, fazia carretas constantemente e se contorcia na cadeira, o menino parou de falar e então anunciei : " Está aqui conosco também o pai do garoto João, seu Ernesto, o senhor tem algo a dizer?" e coloquei o microfone diante dele

Nenhum comentário:
Postar um comentário